CNJ lança sistema para investigação patrimonial com apoio do PNUD

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) acaba de lançar o Sistema Nacional de Investigação Patrimonial e Recuperação de Ativos (Sniper).

O sistema digital busca agilizar e centralizar a busca de ativos e patrimônios em diversas bases de dados. Atualmente, o processo é analógico e chega a levar meses, mobilizando uma equipe especializada em investigação patrimonial a partir da análise de documentos.

A nova ferramenta foi desenvolvida no âmbito do Programa Justiça 4.0, com apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Já estão previstas capacitações para os trabalhadores de tribunais aprenderem a usar o novo sistema.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) lançou uma ferramenta digital para agilizar e centralizar a busca de ativos e patrimônios em diversas bases de dados. Com isso, a expectativa é que a busca de ativos – que hoje chega a levar meses e mobiliza uma equipe especializada em investigação patrimonial a partir da análise de documentos – possa ser feita em poucos segundos e gere resultados em forma de grafos de fácil compreensão pelo magistrado. 

Intitulado Sistema Nacional de Investigação Patrimonial e Recuperação de Ativos (Sniper), a ferramenta foi desenvolvida no âmbito do Programa Justiça 4.0, com apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 

O Sniper identifica em segundos os vínculos patrimoniais, societários e financeiros entre pessoas físicas e jurídicas. A representação em grafo indica as ligações entre os atores de forma rápida e eficiente, o que contribuirá para reduzir o tempo de conclusão dos processos na fase de execução e cumprimento de sentença – o maior gargalo atual dos processos judiciais. 

De acordo com a última publicação “Justiça em Números”, existem quase 40 milhões de processos com execução pendente, o que corresponde a mais da metade (58%) do total de processos pendentes (75 milhões). Para receber uma sentença, o processo leva, desde a data de ingresso, quase o triplo de tempo na fase de execução (4 anos e 7 meses) em comparação com a fase de conhecimento (1 ano e 7 meses). 

A taxa de congestionamento durante a execução é de 84%. Ou seja, são processos que ficam aguardando bens, ativos ou direitos passíveis de constrição judicial para uma solução e o cumprimento da sentença judicial. 


Agilidade e eficiência – A solução atua também na prevenção e no combate à corrupção e lavagem de dinheiro ao dificultar a ocultação patrimonial. Além disso, aumenta a possibilidade de cumprimento de uma ordem judicial em sua totalidade, através da identificação de recursos para o pagamento de dívidas, especialmente na área fiscal. 

“O Sniper foi desenvolvido para trazer agilidade e eficiência na descoberta de relações e vínculos de interesse do processo judicial”, explica o juiz auxiliar da presidência do CNJ que está à frente do projeto, Dorotheo Barbosa Neto. “O sistema permite a melhor compreensão das provas produzidas em processos judiciais de crimes financeiros complexos, como a corrupção e lavagem de capitais, em segundos e com maior eficiência.”

Para a coordenadora da Unidade de Paz e Governança do PNUD no Brasil, Moema Freire, o Sistema é uma inovação importante e estreitamente alinhada com a Agenda 2030 pactuada pelos países membros das Nações Unidas. 

“O Sniper favorece ganhos de efetividade na atuação da Justiça, bem como se soma aos esforços anticorrupção, representando uma importante contribuição para novos avanços rumo às metas previstas no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável de número 16, que trata das dimensões de Paz, Justiça e Instituições Eficazes”, destaca. 


Funcionamento – Com uma interface amigável e navegação intuitiva em plataforma web, o Sniper já disponibiliza uma consulta rápida e ágil a bases de dados abertas e fechadas, com a possibilidade de incluir novas bases de informações. O acesso ao sistema só poderá ser feito por usuários autorizados, a partir da decisão de quebra de sigilo, para garantir a segurança das informações. 

Os usuários podem buscar dados de pessoas físicas e jurídicas pelo nome, CPF, razão social, nome fantasia ou CNPJ. A informação é traduzida visualmente em grafos, que evidenciam as relações entre pessoas físicas e pessoas jurídicas e agilizam o processo de identificação dos grupos econômicos. 


É possível visualizar as informações, a relação de bens e ativos (incluindo aeronaves e embarcações) e as relações com outras pessoas físicas e jurídicas. As informações podem ser exportadas em um relatório no formato .pdf e anexadas a um processo judicial. 

Integração – Atualmente, já estão integrados ao Sniper os dados de CPF e CNPJ, as bases de candidatos e bens declarados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), informações sobre sanções administrativas, empresas punidas e acordos de leniência (CGU), dados do Registro Aeronáutico Brasileiro (Anac), embarcações listadas no Registro Especial Brasileiro (Tribunal Marítimo) e informações sobre processos judiciais, como partes, classe, assunto dos processos e valores (cabeçalho processual, do CNJ). 

No módulo de dados sigilosos, os usuários poderão adicionar informações fiscais e bancárias, com acesso restrito a usuários autorizados, a partir da integração com o Infojud e Sisbajud. 

A ferramenta foi desenvolvida por uma equipe multidisciplinar do CNJ e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) com a participação de profissionais da área de tecnologia, especialistas em direito e em investigação patrimonial. Por ser integrada à Plataforma Digital do Poder Judiciário (PDPJ-Br), não há necessidade de desenvolvimento adicional por parte dos tribunais. 


Capacitação – Para capacitar os usuários no uso da ferramenta, será lançado em setembro um curso autoinstrucional, disponível a membros do Poder Judiciário no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Servidores do Poder Judiciário (CEAJUD). Os detalhes sobre carga horária e abertura das inscrições serão divulgados em breve. 

O Sniper integra o portfólio de mais de 30 projetos do Programa Justiça 4.0, iniciativa do CNJ, PNUD e Conselho da Justiça Federal (CJF) que desenvolve soluções tecnológicas disruptivas para acelerar a transformação digital do Poder Judiciário brasileiro. O programa conta, ainda, com o apoio do TSE, do Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

As informações acima procedem do site oficial Nações Unidas Brasil.


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