Youssef Lahrech, presidente e diretor de operações do Nubank (NUBR33), afirmou que concorda com uma declaração recente de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC): com a digitalização, o cartão de crédito pode sumir. O executivo assumiu o cargo de CEO da fintech nesta segunda (15).
“O streaming de filmes causou no setor de entretenimento efeito parecido que a digitalização dos pagamentos teve entre os bancos. Mudou tudo. Concordo que o cartão de crédito pode sumir, e por isso temos diversificado para outras formas de pagamento, inclusive para o Pix, BNPL”, disse ao jornal Valor Econômico.
O executivo argumenta que, com o aumento das transações via Pix, essa tendência é ampliada. “Acho que o Pix afeta primeiro o cartão de débito, depois o de crédito”, diz.
“Levam alguns anos para chegar até esse quadro: o cartão de crédito tem outras funções, como compras internacionais, parcelamento. Mas, no fim das contas, o Pix aumentará a fatia no mercado. Estou mais do que feliz com uma possível canibalização do cartão de crédito”, acrescenta.
Além disso, o CEO do Nubank prevê que a bancarização pode aumentar com o sistema de pagamentos do BC.
“O mercado endereçável no Brasil ainda é bastante grande, podemos dobrar ou mais nossa base no Brasil”, disse.
Nubank salta 19,5% com avaliação positiva sobre o 2T22
Após a divulgação do balanço do segundo trimestre de 2022, as ações da fintech na Bolsa de Valores de Nova York fecharam com salto de 19,54%, a US$ 4,71, com resultados acima do esperado pelo mercado. Alguns pontos do resultado da fintech chama atenção de investidores — caso do índice de inadimplência.
De acordo com o UBS-BB, o lucro líquido ajustado do trimestre veio em linha com as expectativas e o balanço do Nubank trouxe surpresas positivas.
O grande destaque negativo foi o índice de inadimplência de 90 dias, que cresceu no segundo trimestre, e portanto foi considerada mais fraca do que o esperado pelo mercado. O índice poderia ter vindo maior, caso não houvesse a estratégia do Nubank de diminuir a oferta de crédito.
“Observamos que a administração afirmou que a empresa reduziu seu crescimento de empréstimos pessoais devido às incertezas macro de curto prazo. Apesar do crescimento muito bom da receita, vemos alguns investidores manifestaram preocupação com o aumento do crédito vencido há 90 dias”, diz o relatório do UBS-BB.
Os principais destaques na visão dos analistas foram:
- Crescimento de 10% na base de clientes do 1T22 para o 2T22, com taxa de atividade em 80%;
- Aumento significativo do ARPAC do Nubank (Receita Média Mensal por Cliente Ativo) de 16%, para US$ 7,8;
- Empréstimos totais cresceram 3% no trimestre, apoiado pelo cartão de crédito (aumento de 5% no trimestre). enquanto os empréstimos pessoais diminuíram 3% no trimestre;
- A receita de juros cresceu 38%, enquanto as taxas de serviço cresceram 18%; e
- No top line, o volume de compras cresceu 18% no 2T22, com uma queda na tarifa de intercâmbio de 10bps na comparação trimestral, para 1,1%.
Já a respeito da qualidade dos ativos, o índice de inadimplência aumentou 60 bps no trimestre para 4,1%, “mas teria aumentado 120 bps no trimestre se o Nu tivesse
manteve sua antiga metodologia de baixa”, ressalta o relatório.
Os analistas ainda apontam que, durante a teleconferência com os executivos do Nubank, a maioria das perguntas se concentrou no empréstimo pessoal e tendências de crescimento e qualidade de ativos.
“A administração acredita que a inadimplência antecipada indica que o índice de inadimplência de 90 dias deve ser mais estável daqui para frente, enquanto em empréstimos pessoais, o crescimento está desacelerando, mas continuará acima do mercado”, diz o UBS-BB.
O UBS-BB recomenda compra das ações do Nubank, ao preço-alvo de US$ 8 por ação.
“As ações do Nubank foram desvalorizadas nos últimos meses, movimento em grande parte causado por uma combinação de preocupações crescentes com a qualidade dos ativos e a desvalorização das empresas de tecnologia”, afirmam os analistas.
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