As bolsas internacionais operam sem direção definida nesta segunda-feira (3). No exterior, os investidores mantêm-se cautelosos e acompanham discursos de dirigentes do Federal Reserve (Fed) nos EUA. O grande destaque do dia é o cenário doméstico, com a digestão do primeiro turno eleitoral e a continuidade da disputa presidencial entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL)
COMO ANDAM OS MERCADOS
O Ibovespa reagem positivamente no dia seguinte às eleições em primeiro turno. A bolsa brasileira sobe 4,73%, aos 115.170 pontos.
O bom desempenho é impulsionado pela forte alta de Sabesp (SBSP3) e da Petrobras (PETR4).
A empresa de saneamento básico voltou ao radar com a liderança de Tarcísio de Freitas (Republicanos) no resultado das eleições ao governo de São Paulo. Entre a principais propostas do ex-ministro de Infraestrutura, caso eleito governador, está a agenda de privatização da Sabesp.
As ações da Petrobras, além do fator político, avançam com a valorização do petróleo no exterior. A commodity sobe 3,68%, com o barril negociado a US$ 88,27 — o que também impulsiona as bolsas americanas nesta segunda-feira.
PETRÓLEO DISPARA
O petróleo sobe acima de 4% nesta manhã de segunda-feira, com a expectativa de um novo corte na produção pela Opep+.
A valorização da commodity no cenário internacional também deve impulsionar o Ibovespa hoje, além da reação positiva dos investidores em relação a continuidade das eleições, com segundo turno entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
O ADR — recibos de ações — da Petrobras registram um avanço de 8% no pré-mercado em Nova York.
IMPACTO ELEITORAL
O cenário mais provável para os desdobramentos das eleições presidenciais aconteceu.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) se enfrentarão em um segundo turno — mas o acontecido surpreendeu alguns eleitores e o sentimento de espanto deve se refletir na bolsa local hoje.
Sendo bem sincero, parte da esquerda estava em um clima de “já ganhou” — afinal, as últimas pesquisas de intenção de voto apontavam chances de vitória de Lula já no primeiro turno.
Mas nem mesmo as pesquisas foram capazes de captar a migração de eleitores para o campo de Bolsonaro.
O resultado da apuração do último domingo (02) surpreendeu até mesmo quem acompanhava os levantamentos: de projeções que variavam entre 33% e 35%, o atual presidente abocanhou 43,20% dos votos.
Agora, os candidatos se enfrentam em um duelo final no dia 30 de outubro, data do segundo turno.
Até lá, ambos candidatos devem intensificar suas campanhas — e mais uma vez o futuro é incerto.
E onde se encaixa o investidor brasileiro nesse cenário?
Bem, incerteza e bolsas são como água e óleo e preferem não se misturar.
O investidor acompanhará o dia a dia dos candidatos, as propostas e corpo de ministros enquanto lida com um cenário externo de grande cautela.
Em outras palavras, a volatilidade deve dominar o Ibovespa pelo menos pelo próximo mês, até a definição do cargo de presidente da República.
Se o Ibovespa se descolou do exterior com um relativo otimismo em relação às eleições nas últimas semanas, a pressão sobre os negócios deve dominar e, sem ajuda lá de fora, a bolsa local não deve enfrentar bons dias.
REFLEXOS
Os reflexos do alívio — ainda que temporário — das campanhas para o segundo turno foi refletido no EWZ, o fundo de índice (ETF, em inglês) que replica o desempenho do Ibovespa no exterior. O ativo deu um salto de 3% no pré-mercado em Nova York.
Três pontos devem reforçar a volatilidade das bolsas globais nesta segunda-feira (03): a alta do petróleo, a virada de mês com ajuste de carteiras e a baixa liquidez com a ausência dos mercados chineses.
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